Crise existencial

Eu nunca pensei que isso pudesse acontecer comigo. Essa situação é como muitas que a gente escuta e acha que só pode acontecer com as outras pessoas. Mas...sim, ela me encontrou. No meu caso começou após os 30 anos, não aquela crise existencial de não saber mais quem você é ou em que acredita. O que acontece comigo é que após completar os 30 anos bateu a responsabilidade, aquela questão "Está certo, agora não sou mais uma menina e não dá mais pra ficar brincando de viver, tenho que lutar para me tornar exatamente a pessoa que quero ser." Em mim a crise bateu no profissional, no sentido de que eu não estou fazendo realmente o que desejo fazer ou o que nasci pra fazer. Sou uma pessoa com alguns talentos e hobbies: canto desde que nasci, para mim é algo natural; sou muito comunicativa; amo livros e todo o universo da leitura; comecei a fazer crochê e isso virou uma paixão, amo artesanato...já fiz outros tipos; amo música, dança e todo esse lado artístico. Quando terminei o ensino médio queria cursar Direito ou Psicologia, mas como na época não havia esses cursos na minha região, optei pelo único curso que tinha algo a ver comigo, e cursei Letras. Não queria de jeito nenhum ser professora, mas acabou que comecei a lecionar já que estava formada. Hoje sou professora há 9 anos, mas essa crise me fez enxergar que não sinto que estou fazendo o que nasci pra fazer, que não estou seguindo meu propósito. Gosto de ensinar, gosto das experiências e trocas com meus alunos, porém não sinto que sou plena naquilo que faço. Sabe o que é difícil nessas crises? É muito complicado enxergar caminhos e possibilidades quando você já está há tanto tempo fazendo o mesmo. Também existe a questão financeira, que no meu caso não tenho mesmo como jogar tudo para o alto e "entrar de cabeça em algo novo". Tenho sonhos sim: Ter meu negócio próprio (que ainda não sei qual segmento), viver da música no meio gospel ou viver do crochê como renda sustentável. Ainda estou vivendo a crise e enquanto ela não passa, vou tentando enxergar as possibilidades da vida e acima de tudo, sempre pedindo à Deus que me oriente e me faça enxergar o que ainda não consigo. Uma coisa eu sei, as crises não são de todo ruins, elas nos fazem crescer, amadurecer e ver a vida sob novas perspectivas. E elas sempre existirão, não tem como fugir. Crise é coisa de "gente viva", que sente, que se importa, que sonha e que tem esperanças.